MEDITAÇÕES BULAS HOMILIAS

 

PAPA FRANCISCO

 

Papa diz em livro que se considera tão pecador quanto um preso

Papa Francisco acena aos fiéis antes da tradicional mensagem "Urbi et Orbi" de Natal na praça de São Pedro, no Vaticano(VINCENZO PINTO/VEJA)

Em livro que começará a ser vendido na próxima terça-feira, o papa Francisco afirma que se considera tão pecado quanto os condenados à prisão. A obra O nome de Deus é Misericórdia traz entrevistas do pontífice em tom pessoal e será publicada em 86 países, incluindo o Brasil.

Na longa reflexão sobre o perdão concedido por Deus, tema central do Jubileu da Misericórdia iniciado em 8 de dezembro, Francisco afirma que "a Igreja condena o pecado porque deve dizer a verdade. Ao mesmo tempo abraça o pecador que se reconhece como tal". O papa é um homem que precisa da misericórdia de Deus, diz o pontífice.

Francisco espera que o Jubileu permita redescobrir a Igreja como uma estrutura ágil de intervenção rápida, na qual se pratica uma medicina de urgência.

Nas respostas às perguntas do vaticanista italiano Andrea Tornielli, o papa incide mais uma vez em sua relação especial com os presos, que já visitou diversas vezes nas penitenciárias. Ele afirma que se sente unido aos condenados porque é consciente de que também é um pecador. Francisco revela que a cada vez que entra em uma prisão se questiona por quê eles e não eu.

Destaca, ainda, que a vergonha é um dom. "Quando se sente de verdade a misericórdia de Deus, você fica com vergonha, ao perceber que, apesar de nossa história de miséria e pecado, Ele continua nos sendo fiel, afirma o pontífice". Uma ideia é ressaltada: "A vergonha permite que a pessoa reconheça que o que faz é um erro, com o que evita cair na tentação do corrupto que se cansa de pedir perdão", explica.

Francisco faz também duras críticas à corrupção, a exemplo de declarações anteriores. "O corrupto não conhece a humildade, não sente necessidade de ajuda, leva uma vida dupla", diz. Segundo o papa, o corrupto é quem peca, não se arrepende e finge ser cristão. "Quem lamenta a pouca segurança nas ruas, mas depois engana o Estado evadindo impostos".

Sobre os homossexuais, ele afirma que não devem ser marginalizados e lembra suas famosas palavras pronunciadas no voo de volta da JMJ, no Rio de Janeiro, a Roma em 2013 quando disse: "Quem sou eu para julgar? Prefiro que as pessoas homossexuais venham se confessar, que fiquem próximas do Senhor, que possamos rezar juntos". O papa ressalta que uma pessoa não é definida apenas por sua tendência sexual. "Não esqueçamos que somos todos criaturas amadas por Deus, destinatárias de seu infinito amor", prossegue.

(Com agência France-Presse)